Entornos de um messias urbanos
Um homem atravessa a rua em alta velocidade.
O tempo ao seu redor não era o mesmo para os demais vendo a cena, para eles, o homem se movia rápido demais, para ele, quase parando.
O tempo passa por entre seus dedos
A historia resurge sobre seus punhos. De Roma até os jacobinos, tudo passava em suas mãos, não como o passado, nem como quem passa, mas como momento, situação, acontecimento.
Para ele aquele tempo não passa, aquele momento não existe; o vento se coágulo, seus sentimentos se confundem.
Uma pomba branca crusou seu caminho, amaldiçoado com assas quebradas e a aparência de um anjo varrido pelo vento que ela mesmo fazia pelo peso atmosférico que sua beleza criava.
Aquele homem parava ali observando a pomba, nem tentando alcançala, nem tentando seguila, apenas parado, olhando-a, pensando-a, Amanda, Amanda-o, do fundo seu peito. Apesar do tempo que se passava, apesar da sucessão de eventos que ali rolavam, apessar de ali mesmo naquele mesmo ponto onde ele olhava a pomba, a história estivesse virada ao lado, a torre de babel rerguido como um gigante elevador para o seu; as tropas portugueses desfilando com sua cruz savoi, de outro lado libertos quilombolas trabalhando com abates; os rekis andando imortais em seus vestes, as forças comunards mais uma vez combatendo o exército prussio; tudo isso existia para ela, que ali, em cima de tudo, cada vez mais, se dissolvia, se transformava.
A pomba morreu.
O homem chorou.
A história não acabou.
Mas mesmo assim estandartes da pomba foram levantados, canções foram feitas em sua HOMENAGEM, os homens se sentiam cada dia mais perto dela, cada dia mais longe dela… o fluxo da história ergue um pomar, e daquele pomar nasceram abelhas e formigas que comiam das mães- maçães podres que brigavam, que botavam, que se pronunciaram, das árvores por onde corpos indefendios em sua forma vagavam em amplitude; onde suas mentes e formas se misturavam constantemente sem nunca serem vencidas, captutaos, e mais uma vez dessas maçãs, uma pequena pomba, e um pequeno homem que se dissolvia entre os corpos que andavam pelo pomar; foramam um.
O home voltava para sua infância, antes de conhecer a pomba, antes dela ecludir do ovo dentro dele. Antes dela viralo do avesso.
Ele usava sua camisa azul, para dentro da roupa de baixo, olhando paralisado para o céu, sem saber o que faria naquele dia para que pudesse chegar às estrelas.
A historia era o vento que ele soprava, a pomba sua paixão e da onde ele crescia cada dia, e também, o ovo que gestava com o calor da clara que ele comia.
E ele nunca conseguia alcançala, nunca coseguia tocala, ela sempre estava distante, intagiven, imprununsiavel; ate que ela se tornava o proprio eu do homem. E ai ele nao era mais “homem” mas tambem nao era mulher: nao era humano mas nao era passaro, era uma figura monstruosa, barbara, magnfica, gloriasa, como um anjo envertido com as quebradas e as partes de difrentes corpos, masculinos, femininos, intersexuais, que se passaram em diferentes momentos da historia.
Essa coissa liderava as tropas por onde vindo de todos os pontos da historia, de todos os pontos do pomar, atacavam em corpulencia a torre de babel e esse homem parrado no tempo, esse homem parado da historia.
Por um minuto o barulho do combate se cessou, e um silencio de martires, um silencio de solidao, um silencio de perdao se instaurau: todos na espectativa em como seria a batida da bola dx pomba monstruosa; ela atravessou o campo de ataque quase inteirinho, fez uma curva parecendo que ia se isolar, mas com sagacidade e malicia a bola apenas curvou o suficiente para nao bater na barreira, e pegou o goleiro completamente vendido- onde a coruja dorme- e o silencio de martires se tornou o zumbido de um maracana de geraldinos inteiro, como se o silencio que se antecipara fosse quando outro passarinho ia bater uma falta.
As marcas da água na areial da praia de juntavam com a areia molhada, o nível do Mar subia, e desse mar, a pomba se ergua como um monstro que devorava tudo a sua frente de; erguendo em suas assas milhões de almas contaminadas pelo amor- todos pararam de chorar, e pela cidade esses corpos de formas indeterminadas desfilavam como se nunca tivesse havido pecado.
Mas para todos parados ali o “homem”- que nunca mais poderia ser chamado assim- contiaunava se movendo tão rápido quanto o vento, tão rápido quanto a história.
E mais uma vez o 634 compria seu destino, um pouco quebrado, a pomba saiu ageitando suas agitadas asas por detrás sua mocilha. Largou na frente do relógio do Cacuia, e subiu o jardim, preparada para começar tudo de novo no dia seguinte.